Até pouco tempo atrás, acreditava-se que os hemofílicos não poderiam fazer exercícios físicos, já que esse tipo de prática poderia causar algum tipo de sangramento. Porém, inúmeros estudos têm demonstrado a importância da atividade física para fortalecimento do corpo, o que melhora muito a qualidade de vida para quem tem essa condição.
De acordo com a Federação Brasileira de Hemofilia, os exercícios físicos destinados a pessoas hemofílicas precisam ser avaliados por uma equipe de profissionais experientes. “Diferentes exercícios servem a diferentes propósitos e a situação de cada pessoa é única. O exercício, assim como qualquer outra terapia, funciona melhor quando há uma ampla avaliação feita por um profissional experiente”, explicam.
Como a hemofilia afeta as articulações
Algumas partes do corpo são mais afetadas devido aos sangramentos ocasionados pela hemofilia. Sendo assim, joelhos, tornozelos e cotovelos são as articulações mais afetadas pela deficiência dos Fatores. De acordo com os especialistas, isso acontece por dois motivos: primeiro, porque algumas juntas têm o grau de movimento que funciona como uma dobradiça, ou seja, elas só flexionam e estendem.
Segundo, porque diferente das articulações do quadril e ombro que estão cobertos por camadas de músculos resistentes, os músculos dos joelhos, tornozelos e cotovelos estão situados abaixo e acima das articulações e são cruzadas apenas por tendões. Portanto, essas regiões estão menos protegidas e mais suscetíveis a lesões.
Por isso, é necessário que antes de começar uma rotina de exercícios físicos, o hemofílico realize uma avaliação apropriada, e o profissional precisa compreender a fundo sobre o funcionamento muscular antes de passar qualquer programa de exercícios. “Os músculos corretos têm que ser treinados de forma correta ou a situação pode até piorar”, ressalta o estudo feito pela Federação Brasileira de Hemofilia.
O que considerar na hora de fazer um programa de exercícios
Antes de mais nada, é muito importante ressaltar que não é necessário ter disponível o Fator para poder praticar algum tipo de exercício físico sendo hemofílico. Antigamente, muitos profissionais tinham medo de passar um programa de exercícios para os hemofílicos por medo de causar hemorragias e ser necessário ter um Fator para reposição, mas provou-se que essa crença é infundada e seguindo as recomendações básicas não há com o que se preocupar.
1) Devagar e sempre
Talvez não exista conselho melhor do que este quando se trata da prática de atividades físicas para quem possui hemofilia. Por isso, é preciso conter a ansiedade e não exagerar no esforço físico à medida em que aprende um exercício novo. Manter a constância e progredir devagar evita problemas e permite que o paciente progrida gradualmente.
2) Não subestime os exercícios isométricos
Exercícios isométricos envolvem a contração muscular sem produzir movimentos nas articulações. Eles são ótimas opções para começar quando os músculos estão muito atrofiados ou se as articulações doem com o movimento.
3) Não há ganho com dor
É preciso que isso fique muito claro: se há dor ao fazer um exercício é porque algo está errado. É muito importante ensinar os pacientes a “ouvir” e respeitar seu corpo, assim como o profissional também precisa estar atento e ouvir o que eles têm a dizer. Se uma nova dor começa durante um exercício é muito importante que ela seja cuidadosamente analisada: é fadiga muscular ou um sinal de hemorragia? Será que os exercícios não estão forçando demais uma articulação lesada? É essencial ficar atento a isso.
4) Utilize a gravidade e o peso do corpo como resistência para começar
No caso do tratamento e programa de exercícios para hemofílicos, o mais simples é o que traz maior resultado. Não é preciso frequentar uma academia ou investir em equipamentos caros para ter um bom condicionamento físico. Comece com exercícios práticos, simples e funcionais e observe o progresso do paciente.
No site da Federação Brasileira de Hemofilia, você encontra o Guia Completo de Exercícios para joelhos, tornozelos e cotovelos em diferentes níveis. Importante ressaltar que eles precisam ser feitos com acompanhamento de um fisioterapeuta para evitar hemorragias e outras complicações.
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